LUCAS OTÁVIO
( Pará )
Graduando em Administração.
Com dois contos publicados então (2021) pela Psiu Editora, ingresso recentemente no ramo literário, foco em contos e poes. Tem um romance de Fantasia escrito.
VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4
Ex. Antonio Miranda
Alvorecer de desamor
A constância confortável de outrora
Trazia borboletas aos brônquios.
Não, o estômago não lhes pertencia,
Pois o ar apinhado carrega
Todo suspiro do crepúsculo amoroso.
Sonhos adormecidos e despertos,
Um consciente caçoado, lascívia.
Lembrando-lhe da falha primordial,
Ver e não tocar. Desejou
Lastimado, o bronze estelar.
Jamais me prostrei ante o tempo,
Mas o alçar do sexto ano implorou.
Liberte-me das amarras frias,
Antes do enfim inanimado carnal.
Talvez o lustroso luar permanente
Afastasse uma realidade pérfida.
Repelindo borboletas na expiração,
Tremelicando dentes na inspiração.
Porque delonga, alvorecer do desamor?
A recorrência dolorosa do pós-sonho
No irreal campo adormecido,
Palpitações e obsessões acalmavam-se,
O toque palpável, mas nunca ocorrido,
Umedecia lábios nervosos e ansiosos.
A incorporeidade, um escape,
Trazendo-lhe o espectro impossível.
E o despertar, frio e seco, precedia
Instantes de estupor, antes da cruel realidade.
Um desejo jazia esparramado entre as noites.
O singelo segundo, acordado, desacordado,
Quando o peso do porvir ainda não incumbia
A perfeição em estado temporal e imaterial.
Ignorava-se a luz entre as cortinas
Pois sobre ela espaçava-se a ignorância.
E a sensatez, num estalar de dedos,
Permitia a temporariedade do sonhado.
Lá, na ausência cósmica da continuidade,
A realidade e a fantasia dançavam.
O toque dos lábios ocorria novamente.
Por um momento, você era real.
*
VEJA e LEIA outros poetas do PARÁ em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/para/para.html
Página publicada em março de 2022
|